O Brasil, líder mundial na exportação de café, tem visto os pequenos produtores ganharem espaço no mercado internacional. Com foco em qualidade, práticas sustentáveis e rastreabilidade, agricultores familiares estão conquistando nichos valorizados fora do país.
Na cidade de Monte Santo de Minas (MG), a produtora Juliana Paulino exporta café há 13 anos para o mesmo grupo britânico. A relação começou com o envio de uma amostra e, com o tempo, os pedidos aumentaram.
“Enviamos uma amostra sem expectativas e, aos poucos, os pedidos foram aumentando. Todos os anos, eles vêm pessoalmente nos visitar e ver de perto o que estamos fazendo. Eles gostam de saber da história, saber de onde vem o café. Essa proximidade gera confiança que faz toda a diferença nas negociações”, conta Paulino.
Hoje, a fazenda envia de seis a oito containers por ano para Inglaterra, Irlanda e Nova Zelândia. Segundo Juliana, o diferencial não está apenas na qualidade dos grãos, mas na responsabilidade ambiental e no vínculo com a comunidade local.
“A qualidade é uma exigência, mas o mercado internacional também valoriza muito a responsabilidade, sustentabilidade em todos os níveis”, acrescenta a produtora rural.
Para muitos produtores, a união em cooperativas tem sido um caminho eficiente para atingir o mercado externo. A valorização de histórias e origens ajuda a construir uma identidade forte para o produto. Isso permite que o café seja visto como exclusivo, o que eleva seu valor.
Juliana participa da Indicação Geográfica (IG) do Sudoeste de Minas, que abrange 21 municípios. O selo, concedido pelo INPI, atesta a procedência e qualidade do café. A certificação funciona como um passaporte para mercados mais exigentes e ajuda a abrir portas no comércio internacional.
Segundo especialistas, agregar valor por meio de diferenciais como história, origem e qualidade sensorial é essencial para os pequenos produtores que querem exportar. O consumidor internacional busca uma experiência completa, que vá além da bebida.
Em José Gonçalves, no Vale do Jequitinhonha (MG), a Fazenda Nakamura tem conquistado espaço com cafés de alta pontuação. O produtor Cláudio Nakamura afirma que a produção, antes voltada apenas para a Austrália, agora também atende Estados Unidos, Canadá e países europeus.
A comercialização é feita por meio da Noca Coffee, empresa representante do Sul de Minas. Segundo o produtor Cláudio Nakamura, o principal diferencial são seus grãos fermentados, que atingem acima de 85 pontos.
“Esse tipo de café é muito apreciado pelo pessoal lá fora e já começa a ser mais consumido no Brasil também”, diz Nakamura.
Apesar de adotar maquinário na colheita por falta de mão de obra, o produtor reforça o cuidado com práticas sustentáveis.
“Eu gosto de trabalhar com pessoas. A colheita manual é um trabalho feito com cuidado e carinho com as plantas”, frisa o produtor rural.
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