Petrobras reverte lucro e tem prejuízo líquido de R$ 17 bi no 4° trimestre de 2024

São Paulo, SP – A Petrobras divulgou na noite de ontem o balanço do quarto trimestre de 2024 (4T24), com prejuízo líquido de R$ 17,04 bilhões, revertendo o lucro líquido de R$ 31 bilhões registrado no mesmo período de 2023 (4T23). Em 2024, o lucro líquido foi de R$ 36,6 bilhões, recuo 70,6% na comparação com 2023.

Segundo a estatal, o resultado reflete principalmente o impacto da desvalorização cambial, que conforme mencionado é um evento de natureza exclusivamente contábil, maiores provisões, sem efeito caixa, nas despesas operacionais, compensados parcialmente por menor IR/CSLL. Desconsiderando os eventos exclusivos, a Petrobras teria registrado o lucro de R$ 17,7 bilhões.

Por conta da desvalorização do câmbio final, o resultado financeiro de 2024 foi negativo em R$ 82,5 bilhões. Além disso, houve reconhecimento, no 2T24, de despesas financeiras associadas à adesão à Transação Tributária. A transação tributária foi positiva para a companhia ao encerrar disputas bilionárias que traziam grande incerteza para o caixa da companhia. A ação da companhia subiu mais de 3% após a divulgação da transação.

O fluxo de caixa operacional foi de R$ 47,6 bilhões, queda de 17,3% em relação ao 4T23. Em 2024, o fluxo de caixa operacional foi de R$ 204 bilhões, queda de 5,4% em relação a 2023.

A receita líquida foi de R$ 121,2 bilhões, recuo de 9,7% em relação ao 4T23. Em 2024, a receita líquida foi de R$ 490,8 bilhões, queda de 4,1% em relação a 2023.

O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 40,9 bilhões, queda de 38,7% em comparação ao 4T23. Em 2024, o Ebitda ajustado foi de R$ 214,4 bilhões, queda de 18,2% em relação a 2023.

O Ebitda ajustado sem eventos exclusivos de 2024 foi 11% inferior em relação a 2023, refletindo deterioração do ambiente externo com a redução do preço do petróleo e das margens internacionais do segmento de refino, além de menores volume de produção de petróleo.

O fluxo de caixa livre foi de R$ 21,7 bilhões, queda de 45,5% em comparação ao 4T23. Em 2024, o fluxo de caixa livre foi de R$ 124 bilhões, queda de 20,1% em comparação a 2023.

Em 2024, os investimentos totalizaram US$ 16,6 bilhões, representando um aumento de 31% em relação ao ano de 2023, em decorrência, principalmente, de maiores gastos em grandes projetos do pré-sal, em especial nos novos sistemas de produção do campo de Búzios e na Revitalização do Campo de Marlim. O investimento realizado em 2024 foi 15% acima do guidance divulgado em agosto de 2024, em grande parte, devido à recuperação do distanciamento apresentado no primeiro semestre entre a evolução física das atividades e a evolução financeira baseada no cumprimento dos marcos relevantes de entregas das 5 UEPs próprias em construção para o campo de Búzios.

Segundo Fernando Melgarejo, Diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, 2024 foi um ano positivo para a Petrobras. “De forma consistente, mantivemos uma forte geração de caixa, alcançando US$ 38 bilhões de Fluxo de Caixa Operacional em 2024. Esse resultado demonstra a saúde financeira da companhia e a qualidade de seus ativos, que operam com rentabilidade, gerando recursos para realizar investimentos, remunerar os acionistas e cumprir todas as suas obrigações. Em 2025, com a entrada de três novos sistemas de produção no ano e aumento esperado de 100 mil barris por dia, nossa expectativa é que teremos resultados ainda mais consistentes.”

Melgarejo destacou ainda que o resultado da Petrobras em 2024 foi impactado principalmente por um item de natureza contábil: a variação cambial em dívidas entre a Petrobras e suas subsidiárias no exterior. “São operações financeiras entre empresas do mesmo grupo, que geram efeitos opostos que ao final se equilibram economicamente. Isso porque a variação cambial nestas transações entra no resultado líquido da holding no Brasil e impactou negativamente o lucro de 2024. Ao mesmo tempo, houve impacto positivo direto no patrimônio”, detalhou o executivo.

A estatal ressaltou ainda que o Capex de US$ 16,6 bilhões, maior que o guidance, não representa um custo adicional e sim uma antecipação, uma vez que foi reduzido o gap entre a evolução física e financeira das plataformas em Búzios. “Nós esperávamos que essa redução do descasamento fosse ocorrer ao longo de 2025, mas atuamos fortemente na gestão contratual e a solução foi antecipada totalmente para 2024. A Petrobras ganha na redução de riscos e no aumento do potencial de antecipações. É nisso que estamos focados: na execução do nosso plano de investimentos e nas nossas metas de produção”, afirmou a companhia.

A relação dívida bruta/EBITDA ajustado foi de 1,49x em 31/12/2024 em comparação com 1,19x em 31/12/2023. Em 31/12/2024, a dívida líquida atingiu US$ 52,2 bilhões, um aumento de 16,9% em comparação com 31/12/2023.

2025

Por fim, a empresa reiterou que seguirá investindo em projetos rentáveis e comprometida com a execução do Plano de Negócios em 2025. Nesse sentido, a estatal obtive recentemente o primeiro óleo do FPSO Almirante Tamandaré e, ainda em 2025, iniciará a operação do FPSO Alexandre de Gusmão e a P-78. A petroleira também está trabalhando no ramp up dos dois sistemas que iniciaram suas atividades no final de 2024. A previsão é um incremento de 100 mil de barris de óleo por dia na produção da Petrobras.

Na área de exploração, a descoberta de novas áreas e o desenvolvimento das atuais devem propiciar um incremento na relação entre as reservas provadas e a produção, indicador em que a Petrobras já apresenta excelentes números.

“Também vamos ampliar a capacidade do nosso parque de refino e melhorar a qualidade dos produtos. Teremos, em 2025, um incremento de 25 mil bpd de capacidade de processamento com a conclusão do revamp do Trem 1 da RNEST, já considerando a entrada da Unidade de SNOx em 2024. E o novo HDT da Replan contribuirá com mais 63 mil barris por dia de Diesel S-10. O segundo módulo da UPGN do Complexo Boaventura adicionará 10,5 milhões de m3/dia à nossa capacidade de gás”, explicou Melgarejo.

A companhia lembrou que esses e outros diversos projetos têm o potencial incrementar as receitas e sustentam a confiança de que está no caminho certo, comprometidos com a geração de valor, com a sociedade e com os acionistas.

DIVIDENDOS

A Petrobras informa também que seu Conselho de Administração (CA) autorizou o encaminhamento à Assembleia Geral Ordinária (AGO), prevista para 16 de abril de 2025, da proposta de distribuição de dividendos equivalentes a R$ 9,1 bilhões. Caso haja aprovação da AGO, considerando os proventos antecipados pela companhia ao longo do ano, devidamente corrigidos pela Selic, a remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2024 totalizará R$ 75,8 bilhões, sendo R$ 73,9 bilhões em distribuição de dividendos e JCP e R$ 1,9 bilhão em recompras de ações.

A distribuição proposta está alinhada à Política de Remuneração aos Acionistas (Política) vigente, que prevê que, em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor, observadas as demais condições da Política, a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre. Esta distribuição é compatível com a sustentabilidade financeira da companhia.

Os dividendos propostos para o ano já levam em consideração a correção pela SELIC sobre as antecipações de dividendos e JCP relativas ao exercício social 2024, no valor de R$ 0,6 bilhão, que também foram descontados do total da remuneração aos acionistas. Vale comentar ainda que ao longo do quarto trimestre não houve recompra de ações.

Os proventos serão pagos em duas parcelas nos meses de maio e junho de 2025, da seguinte forma:

Valor a ser pago: R$ 0,70954522 por ação ordinária e preferencial em circulação, sendo que:

(i) a primeira parcela, no valor de R$ 0,35477261 por ação ordinária e preferencial em circulação, será paga em 20 de maio de 2025, integralmente sob a forma de dividendos.

(ii) a segunda parcela, no valor de R$ 0,35477261 por ação ordinária e preferencial em circulação, será paga em 20 de junho de 2025, integralmente sob a forma de dividendos.

Data de corte: dia 16 de abril de 2025 para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 e record date em 22 de abril de 2025 para os detentores de ADRs negociados na New York Stock Exchange (NYSE). As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 a partir de 17 de abril de 2025.

O post Petrobras reverte lucro e tem prejuízo líquido de R$ 17 bi no 4° trimestre de 2024 apareceu primeiro em Agência CMA.