São Paulo – A Bolsa fechou em queda, não conseguiu se segurar no patamar dos 125 mil pontos, sob efeito de um mercado de trabalho aquecido, preocupação com o fiscal em meio às medidas do governo vistas como populistas e rumores de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assumiria a Casa Civil.
Das 87 ações da carteira teórica, menos de 20 ações subiram. O destaque na ponta negativa ficou para IRBBrasil (IRBR3), com queda de 18,25% e Weg (WEGE) com recuo de 8,68%.
Já na ponta positiva, as ações da Ambev (ABEV3) lideraram os ganhos com 5,50%.
Mais cedo, o Ministério do Trabalho divulgou os dados do Caged, que mostram que o Brasil criou 137 mil vagas de trabalho em janeiro, superior ao número informado pelo ministro da pasta, Luiz marinho, na segunda-feira (24) de cerca de 100 mil.
O principal índice da B3 caiu 0,96%, aos 124.768,71. pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 0,73%, aos 126.870 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,1 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Um analista do mercado financeiro disse que os ruídos sobre reforma ministerial mexeram com o mercado.
“Aliados de Lula teriam sugerido que Haddad fosse para a Casa Civil. E fica a pergunta: quem ocuparia a Fazenda? Isso gera preocupação”.
Alan Martins, analista técnico da Nova Futura Investimentos, disse que “o namoro com otimismo está chegando ao fim com as medidas do governo em que começou com Plano Safras e agora veio o Pé de Meia. O mercado está aguardando um cenário ruim para juros, inflação e fiscal voltou a ficar no radar, que tinha ficado de lado, O dado do Caged fez preço porque veio quase o dobro do esperado, isso não é bom por conta de um possível sinal inflacionário. Somado a isso, as falas do ministro do Trabalho criticando um possível aumento monetário não pegou bem”.
Em relação ao balanço da Petrobras, que será anunciado após o fechamento, Martins disse que se resultado vier muito bom, a ação cai; se vier em linha ou um pouco abaixo das expectativas, o papel sobe. “Eu gostaria que viesse em linha, dessa forma puxaria bem o papel e buscaria os R$ 40”. As ações preferencias da Petrobras fecharam no zero a zero, coatadas a R$ 37,95.
Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, disse que a projeção da equipe de Research para o resultado da petroleira referente ao 4T24 é de um Ebitda de US$ 4,5 bilhões, queda de 10% em relação ao trimestre anterior, impulsionada por menor produção e redução dos preços do petróleo; fluxo de caixa livre com cerca de US$ 4,4 bilhões e espera pagamento de dividendos extraordinários de US$ 3 bilhões.
Bruna disse que a virada do mercado foi reflexo dos dados do mercado de trabalho aqui, acima do esperado.
“A abertura do mercado à vista foi tranquilo e acompanhou o exterior e [repercutiu] alguns balanços, mas com Caged o mercado virou. Os dados decepcionaram bastante”.
Bruna explicou que no começo do ano a atividade econômica mostrou sinais desaceleração, “o que seria positivo para a aliviar a inflação e trazer um teto melhor para os juros, mas o dado de hoje jogou água no chopp”.
A analista de renda variável da Rico ressaltou que “ainda é cedo para dizer que a Selic vai ficar alta por mais tempo, é apenas um dado. Nossa projeção é de 15,5% pra Selic no final do ano. O que o mercado tinha de pessimista com a Selic final ainda está na mesa. O mercado vai ficar bastante de olho daqui para frente nos dados da atividade econômica”.
Em relação às ações, ela disse que o grande destaque de hoje é a alta da Ambev em razão do resultado. O lucro líquido ajustado da empresa cresceu 7,5% para R$ 5 bilhões.
O dólar comercial fechou em alta de 0,76%, cotado a R$ 5,7965. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor de que com a aproximação das eleições de 2026 o governo aumente os gastos de modo exacerbado.
Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, o presidente Lula “vai aumentar os gastos para melhorar a popularidade dele. Esperávamos um corte, mas só pensa em arrecada e gastar”.
Segundo o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o real tem sido prejudicado pelo ruído interno: “Parece que o governo vai acelerar nos gastos”, opina.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta. Isso teve reflexo direto do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pela manhã.
Por volta das 16h39 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,735% de 14,585% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,730%, de 14,475%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,645%, de 14,360%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,680% de 14,410% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, após operarem em alta boa parte da sessão, devolvendo os ganhos anteriores e colocando o S&P 500 em seu quinto dia consecutivo de perdas.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,43%, 43.433,12 pontos
Nasdaq 100: +0,26%, 19.075,3 pontos
S&P 500: +0,01%, 5.956,06 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevendo / Agência Safras News
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