O plantio da safra brasileira da soja 2024/25 avança em todo o Brasil, com boas condições para o desenvolvimento inicial das lavouras. De acordo com a plataforma Grão Direto, apesar das chuvas esparsas em algumas regiões, o clima tem proporcionado um ritmo favorável tanto para o plantio quanto para o início do desenvolvimento das plantas.
Na última semana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou a venda de quase 1 milhão de toneladas de soja, com uma boa participação dos compradores chineses. Isso demonstra que a China está aproveitando as boas oportunidades de preço, mas, apesar dessa movimentação, o mercado não demonstrou otimismo substancial. A instabilidade nos mercados e o impacto dos preços mais baixos continuam sendo um desafio para os produtores brasileiros.
O mercado da soja foi pressionado por uma queda nos preços do óleo de soja e pelos riscos relacionados às mudanças no programa de biocombustíveis nos Estados Unidos. Além disso, a realização de lucros pesou sobre os contratos futuros de soja em Chicago, afetando diretamente os preços da oleaginosa no Brasil.
O contrato de soja para janeiro de 2025 encerrou a semana a US$ 9,85 por bushel, marcando uma queda de 1,30%. Já os dados de março de 2025 também registraram uma queda de 1,59%, fechando a US$ 9,93 por bushel. Por fim, o dólar, por sua vez, subiu 0,35%, fechando a R$ 5,81, o que impactou ainda mais o mercado físico de soja no Brasil.
De acordo com o Boletim de Monitoramento Agrícola de novembro, divulgado pela Conab, o Brasil deve encerrar o ano-safra 2024/25 com estoques 24% superiores ao período anterior. Esse aumento será impulsionado pela expansão da área plantada (+2,6%) e por um crescimento expressivo de 12,5% na produção, que deverá alcançar um recorde histórico de 166 milhões de toneladas.
Porém, o consumo interno também deve crescer cerca de 5 milhões de toneladas, e, somado ao aumento das exportações (13 milhões de toneladas), a pressão sobre a oferta de soja será forte. Esse cenário pode continuar a exercer pressão sobre as cotações no Brasil, com uma oferta robusta e uma demanda crescente.
Além disso, na próxima quinta-feira (28), os Estados Unidos celebram o “Dia de Ação de Graças”, o que resultará em uma pausa na referência da Bolsa de Chicago. Tradicionalmente, durante esse período, o mercado tende a apresentar maior estabilidade nas oscilações, com um volume de vendas mais baixo. Isso se deve à menor atratividade das cotações atuais e ao comportamento do mercado de soja em Chicago, que tem se mostrado mais cauteloso.
A volatilidade do dólar também deve ser acompanhada de perto, já que o mercado aguarda o anúncio do corte de gastos do governo brasileiro, que está previsto para até terça-feira (26). Caso o corte não atenda às expectativas, isso pode aumentar o risco Brasil, pressionando o dólar a subir frente ao real. O mercado projeta uma redução de cerca de 40 bilhões de reais até 2026. Se o anúncio for abaixo dessa projeção, pode gerar desconfiança em relação à saúde fiscal do país, o que resultaria em uma nova alta do dólar. Por outro lado, um anúncio dentro das expectativas poderia desencadear uma queda do dólar nas próximas semanas.
No mercado de Chicago, o contrato de soja para janeiro de 2025 foi cotado a US$ 9,83 por bushel, com uma ligeira queda ao longo da semana. Para que uma recuperação nos preços seja mais evidente, é necessário que o contrato se estabilize acima dos US$ 10,00 por bushel. Caso os preços subam, as regiões de preço mais relevantes são US$ 10,15, US$ 10,30 e US$ 10,56 por bushel. Por outro lado, se os preços perderem o suporte nos US$ 9,80 por bushel, as cotações podem cair para US$ 9,75, US$ 9,70 e até US$ 9,60 por bushel.
Com base nesse cenário, é possível que a próxima semana seja negativa para os preços da soja em Chicago, especialmente se o dólar continuar apresentando tendência de queda no Brasil. No mercado interno, os prêmios devem continuar valorizando para o grão disponível, enquanto a safra futura poderá ser pressionada para baixo, com menores perspectivas de valorização no curto prazo.
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