Braskem provisiona R$ 8,8 bilhões por desastre em Maceió

São Paulo – A Braskem provisionou R$ 8,8 bilhões no quarto trimestre de 2020 relativos ao impacto financeiro do desastre geológico em Maceió, em 2018. Os números foram apresentados em teleconferência sobre o desastre geológico que causou afundamento do solo em Maceió em 2018 devido à extração de sal-gema, pela companhia, em área urbana.

Segundo a companhia, o total provisionado era de R$ 10,1 bilhões, dos quais R$ 1,2 bilhão já totalmente consumido pelo fechamento das minas de extração de sal, R$ 1 bilhão em pagamentos já realizados e R$ 200 mil reclassificado para o grupo de fornecedores.

Com isso, somando R$ 5,2 bilhões em gastos com realocação e compensação, R$ 1,2 bilhão com fechamento e monitoramento de plantas, R$ 1,6 bilhão com medidas sociais e urbanísticas, R$ 800 mil com medidas adicionais, o total provisionado pela companhia relativo ao evento de Alagoas totaliza R$ 8,8 bilhões no quarto trimestre de 2020.

Do total provisionado, R$ 4,1 bilhões serão pagos em 2021 e outros R$ 4,8 bilhões, entre 2022 e 2025.

FIM DA PRODUÇÃO EM CAMAÇARI

Em abril, a companhia vai paralisar definitivamente a produção de cloro soda localizada em Camaçari, na Bahia, devido ao fim da vida útil do ativo, que está em atividade desde em abril de 1979, disse Almir Viana Cotias Filho, líder de vinílicos da companhia.

Com o fechamento da planta na Bahia, a companhia irá importar parte da produção.

Já na planta de Alagoas, a Braskem está em fase de comissionamento da planta de soda cáustica, que espera concluir até o final do primeiro trimestre de 2021.

“Esperamos uma recuperação de ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e melhora de spreads ao longo do ano com a retomada das operações”, disse Pedro Freitas, diretor financeiro da Braskem.

PROCESSOS

Segundo apresentação feita por Filipe Alves Tavares, jurídico do caso Maceió, existem quatro processos contra a companhia referentes ao caso de Maceió, que somam R$ 38,6 bilhões. O Ministério Público do Trabalho de Alagoas (MPT-AL) pede R$ 3,7 bilhões para reparar trabalhadores, enquanto o poder público federal e estadual clama R$ 6,7 bilhões para compensar os danos aos moradores dos bairros atingidos e o Ministério Público Federal, R$ 28,2 bilhões, pelos danos sociais e ambientais. Há ainda uma ação de investidores detentores de ADRs da companhia, que alegam perdas por omissão e informações falsas sobre o desastre.

“A Braskem tem o objetivo de continuar acelerar a negociação por compensações aos moradores dos bairros afetados pelo desastre geológico que causou afundamento do solo devido à atuação da companhia na extração de sal-gema em área urbana com falha geológica desde 1975”, disse o advogado Thiago Fontana Gemignani, que representa a companhia.

Em 2021, a prioridade será estabilizar a governança do programa social e urbanístico, disse a companhia, que apresentou à Agência Nacional de Mineração (AMN) um plano para estabilizar e monitorar 35 áreas de extração de sal.

O plano é considerado como “de difícil execução” pela companhia, que espera avançar sua implementação nos próximos meses.

HISTÓRICO

Em 30 de dezembro, a Braskem anunciou dois acordos com as autoridades brasileiras para encerrar ações civis relacionadas a um evento geológico iniciado em 2018 perto de suas minas de sal no estado de Alagoas. A companhia estimava que, com os acordos, as ações somariam R$ 1,2 bilhão aos R$ 7,9 bilhões provisionado no final de setembro, aumentando as provisões totais para o incidente para R$ 9,1 bilhões (U$$ 1,7 bilhão).

Ainda no contexto das tratativas para a extinção da ação civil dos moradores, em dezembro, a Defesa Civil de Maceió atualizou o mapa de setorização de danos e linhas de ações prioritárias e incluiu propriedades adicionais, que resulta em gasto adicional de R$ 300 milhões aos valores já provisionados no final do terceiro trimestre.