Mesmo sem mencionar o nome do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em nenhum momento de sua declaração à imprensa após assinatura de atos com o governo chinês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez referência à política tarifária americana. Disse que “guerras comerciais não têm vencedores” e que o “mundo se tornou mais imprevisível, instável e fragmentado” nos últimos meses.
“Há anos, a ordem internacional já demanda reformas profundas. Nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentado. China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo. A defesa intransigente do multilateralismo é uma tarefa urgente e necessária”, afirmou Lula.
O presidente continuou dizendo que “guerras comerciais não têm vencedores”. “Elas elevam os preços, deprimem as economias e corroem as rendas dos mais vulneráveis em todos os países. O presidente Xi Jinping e eu defendemos um comércio justo e baseado nas regras da OMC”, declarou.
Lula citou a Comunidade de Futuro Compartilhado Brasil-China por um Mundo mais Justo e um Planeta Sustentável, estabelecida em novembro do ano passado, como “uma alternativa às rivalidades ideológicas”.
O presidente brasileiro reforçou que esta foi sua segunda visita de estado à China no atual mandato e que levou ao país uma “expressiva delegação” com ministros e parlamentares. Também disse que a “relação entre Brasil e China nunca foi tão necessária”.
Lula também criticou o que chamou de “insensatez dos conflitos armados” e citou os casos das guerras ocorridas na Palestina e na Ucrânia. Defendeu que acabar com esses conflitos “é precondição para o desenvolvimento” e disse que entendimentos firmados entre Brasil e China “para uma resolução política para a crise na Ucrânia oferecem base para um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa”.
Lula citou também projetos discutidos e acordos firmados entre China e Brasil. Falou sobre entendimentos envolvendo os bancos centrais dos dois países e o lançamento de satélites para uso agrícola, por exemplo. Também mencionou uma discussão sobre financiamento de projetos de infraestrutura, sustentabilidade e energia.
“Nunca um número tão grande de projetos foi discutido de maneira sistemática em tão pouco tempo. Os primeiros resultados concretos já podem ser constatados. A cooperação entre os bancos centrais permitirá uma maior integração financeira e facilitará investimentos. Com o programa Satélite de Recursos Terrestres Brasil-China, lançaremos dois satélites adicionais. Vamos gerar e compartilhar imagens para o uso ambiental, agrícola e meteorológico com os países do sul global”, declarou.
“O presidente Xi e eu também conversamos sobre a mobilização de financiamento para projetos de infraestrutura, sustentabilidade e energia. Há poucas semanas, uma missão chinesa esteve no Brasil para examinar oportunidades de investimentos em infraestrutura no âmbito das rotas de integração sul-americana”, completou.
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