A redução do “friendshoring”, em que países com valores e interesses comuns buscam fornecimento mútuo, reflete mudanças nessas dinâmicas. A União Europeia (UE), por meio da medida “Omnibus”, tem suavizado normas ambientalistas, ajustando suas prioridades diante de desafios, como a pressão para balancear o crescimento econômico com metas de sustentabilidade.
China, EUA e Rússia desempenham papéis-chave nesse contexto. A China amplia sua influência com iniciativas como a “Belt and Road” (Rota da Seda), investimentos em tecnologia e infraestrutura. Os EUA mantêm sua posição dominante por meio de inovações tecnológicas e alianças, reduzindo burocracias internas para atrair investimentos e ampliando o protecionismo, enquanto a Rússia, apesar das dificuldades, mantém relevância política e militar na Europa Oriental.
O Brasil, em meio a esse cenário, deve aproveitar suas vantagens competitivas, como recursos naturais e agricultura, e buscar parcerias estratégicas para seu desenvolvimento, além de equilibrar sua postura nas questões ambientais, dada sua importância na segurança alimentar e energética mundial.
Esses temas foram discutidos no webinar promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), no dia 11/03, com participação de especialistas em política e comércio internacional como Tatiana Prazeres (MDIC), o embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva (MRE), Marcelo Regunaga (GPS) e o embaixador Roberto Azevêdo (Iniciativa Internacional para o Agronegócio Brasileiro e ex-diretor da OMC). O debate abordou os impactos do Acordo Mercosul-UE no cenário internacional e as expectativas para os próximos cinco anos, em particular para o agronegócio.
O setor deverá se preparar para um ambiente de incertezas, com a competitividade sendo essencial para enfrentar as exigências ambientais e regulatórias. Fortalecer relações com a UE e diversificar mercados são estratégias cruciais diante da volatilidade política e econômica. Ingo Plöger, vice-presidente da ABAG, moderador do encontro, destacou essa aproximação.
“O Acordo ganhou ainda mais importância, principalmente, no aspecto geopolítico, ao mostrar dois grandes blocos procurando união e diálogo. Além disso, precisamos lembrar que temos uma parceria com a Europa de longa data e visões próximas do ponto de vista econômico e de arquitetura política”, disse Plöger
Embora ainda precise ser ratificado, sua implementação representaria um avanço significativo para o agronegócio do Mercosul, com mais oportunidades de exportação e melhores condições comerciais. Contudo, especialistas alertam para a necessidade de resiliência frente aos riscos, ressaltando que a colaboração entre os setores público e privado será vital para o sucesso da parceria.
A mensagem central foi de que a preparação para um futuro competitivo, fundamentada na ciência e no planejamento, é substancial para o agronegócio brasileiro. A adaptabilidade e a precaução, especialmente em temas científicos, devem ser priorizadas em um cenário de constantes desafios internacionais.
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