São Paulo, 27 de fevereiro de 2025 – Em entrevista coletiva da Petrobras, a presidente da companhia, Magda Chambriard, destacou o impacto do câmbio nos resultados do quarto trimestre e de 2024 reportados na noite de ontem (26), mas ressaltou os números e antecipações de projetos e produção. A executiva reiterou a projeção da empresa de um primeiro trimestre com menor nível de investimentos e maior rentabilidade.
“Sabemos que todos esperavam um lucro maior. Mas, só em termos de variação cambial, tivemos um impacto de R$ 59 bilhões. Essa desvalorização em todo o sistema Petrobras impactou o lucro”, disse. Fechamos o 4T24 com o dólar em R$ 6,19 e hoje está entre R$ 5,70, R$ 5,80, o que nos daria um lucro de R$ 11 bilhões. Ou seja, um prejuízo sem impacto no caixa, fruto das obrigações contábeis da empresa.”
“Se o retrocesso do preço do dólar se concretizar, significará em lucro no 1T25”, acrescentou.
A CEO ressaltou o fluxo de caixa livre de R$ 204 bilhões, os R$ 102,6 bilhões pagos em dividendos, os R$ 270 bilhões em tributos e o endividamento de R$ 23 bilhões, que é o menor desde 2008. Que empresa consegue gerar esse fluxo de caixa livre, pagar tudo isso aos acionistas e em tributos, com esse endividamento? Só a Petrobras, disse.
Magda Chambriard também disse que a mudança na estratégia de preços de venda de combustíveis da Petrobras para as distribuidoras não está impactando negativamente os resultados, que a companhia está atenta ao seu market share e acredita que a política de preços atual gera valor para a companhia e para os investidores. Estamos trabalhando pelo lado seguro para os investidores.
A CEO reiterou as informações divulgadas pela Petrobras em seu relatório de resultados de que os fatores que impactaram o lucro de 2024 foram: (1) o ambiente externo (-US$ 6,5 bi), que afetou o crack spread do diesel e a queda do Brent; (2),o efeito contábil da valorização do dólar, em -US$ 10,9 bi; (3) e uma transação tributária federal (-US$ 2,7 bi).
O CFO da Petrobras, Fernando Melgarejo, disse que não há nenhuma mudança prevista no guidance de projetos ou investimentos além do que já foi anunciado no Plano Estratégico 2025-2029. “Tudo ancorado na nossa geração de caixa, que é maior que o PIB de muitos estados”, acrescentou.
O CFO disse que o impacto do Brent no resultado do último trimestre de 2024 foi de R$ 3 bi, mas o grande ofensor foi a valorização do câmbio.
A CEO voltou a falar sobre as consequências da antecipação do capex, que resultou nas antecipações das entradas em operação de O que está acontecendo em Almirante Tamandaré e Maria Quitéria, Mero 3 e Mero 4 e início de produção.
A diretora de Engenharia, Renata Baruzzi, disse que o impacto dos atrasos nas licitações de Barracuda e Caratinga será baixo nos próximos resultados e que não há nenhum atraso previsto na licitação da Bacia de Campos. A diretora disse que Almirante Gusmão está chegando em Mero.
Em relação ao atraso na licitação em Sergipe, a presidente da Petrobras disse que as mudanças no edital oferecem condições para compensar o atraso.
“Todas as condições estão postas para compensar o atraso”, disse.
A diretoria da Petrobras também mencionou que estão em andamento estudos para novas interligações de poços (para gerar mais óleo) e para otimização de estoques, como exemplos de iniciativas em curso que poderão gerar ganhos futuros.
Unigel
O diretor de processos industriais, Willian França, disse que a Petrobras está conversando com a Unigel e está próximo de fechar com a empresa para voltar a operar as plantas localizadas na Bahia e em Sergipe, mas que qualquer decisão de entrar no negócio depende de avaliação do conselho de administração, da diretoria financeira, entre outros trâmites previstos na governança da companhia.
Venda direta de combustíveis
Em relação à venda direta para grandes clientes, a CEO da Petrobras disse: Não estamos montando outra distribuidora.
Ela explicou que, no contexto da privatização da BR Distribuidora, a Petrobras não pode entrar na revenda até 2029, mas pode fazer a venda B2B, ou seja, para empresas, e que está buscando avançar na venda direta, passando a palavra para o Claudio Romeo Schlosser, diretor de logística.
A venda direta permite entender o mercado. A aliança estratégica para abastecer caminhões off-road e locomotivas para a Vale, queremos avançar para o Sul e Nordeste, comentou Schlosser.
O diretor também disse que a companhia está tendo bons resultados com a venda de bunker com a mistura de 24% de biodiesel, com vendas combinadas com combustível fóssil. Fizemos 5 vendas do B24 em Singapura. Isso está ligado à transição energética. Em algumas alternativas, o cliente comprador se interessou [pelo B24] porque tínhamos o fóssil.
Margem Equatorial
A diretora de assuntos corporativos da Petrobras, Clarice Coppetti, também refutou informações que circularam na imprensa em relação à data do parecer final do Ibama e reiterou o atendimento às exigências do órgão.
“Sequer sabemos se essa informação é real”, disse a presidente da Petrobras após resposta da diretora sobre o assunto.
Incorporação de reservas
Em relação às estratégias da Petrobras para aumentar as suas reservas de petróleo no curto a médio prazo, a presidente da Petrobras disse que a companhia busca aumentar a atividade exploratória em novas áreas e com investimentos em campos mais maduros também trazem óleo novo.
A diretora de E&P Sylvia Anjos também citou o investimento de US$ 3,9 bilhões previsto no Plano Estratégico e iniciativas para aumentar a vida longa dos campos em que a Petrobras já opera.
ANP
Em relação às fiscalizações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Petrobras disse que entende que está operando dentro da normalidade e que a agência está cumprindo o seu papel de fiscalizar.
“Nós, como Petrobras, não entendemos que estamos operando com criticidade”, em resposta a questionamento sobre fiscalizações da agência em operações da Petrobras em Angra dos Reis (RJ).
“Não temos tido problemas com a ANP, nosso maior problema atualmente é o Ibama.”
Etanol
O diretor de Transição Energética, Maurício Tolmasquim, disse que a Petrobras continua avaliando parcerias em etanol e que está conversando com diversos agentes, mas que não há nada a ser anunciado por enquanto.
“Estamos conversando com vários players em etanol, anunciaremos na hora certa”, disse o diretor.
A presidente da Petrobras disse que a parceria em etanol pode evoluir para o desenvolvimento do Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês).
“Somos uma ótima noiva, queremos ser disputados”, disse Magda, sobre o assunto.
Produção no campo de Búzios chega a 800 mil barris de óleo por dia com antecipação de plataforma-CEO
Mais cedo, na teleconferência de resultados da Petrobras para o mercado, que começou com quase uma hora de atraso, por volta de 13 horas (horário de Brasília), a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou a projeção de aumento da produção em 100 mil barris por dia (bpd) em 2025 para justificar os investimentos dos últimos meses, que incluíram antecipações de entrada em operação de plataformas, compra de navios e contratações, que servirão para atender o escoamento desse aumento de produção. A executiva também destacou o aumento da produção no Campo de Búzios e do refino e reiterou a estratégia de buscar novas áreas exploratórias.
“O nível de investimento no 1T25 será menor que no 4T24 devido a antecipação de investimentos, como a plataforma em búzios. O que estamos oferecendo é óleo no bolso do investidor mais rapidamente. Antecipamos investimentos para gerar valor”, comentou a CEO, que reforçou que o prejuízo apresentado “foi uma questão contábil” e não afeta o caixa da companhia.
“No fim do ano de 2025, teremos um aumento de produção de 100 mil bpd.”
“A produção no campo de Búzios chega a 800 mil barris de óleo por dia com antecipação de plataforma. Para se ter uma ideia, a nossa maior produção é de 850 mil bpd”, disse.
A CEO também mencionou a entrada da FPSO Maria Quitéria no Campo de Jubarte e antecipações no Campo de Mero como exemplos de antecipação de investimentos.
Magda destacou o cumprimento da meta de produção e recordes no pré-sal e a produção e a reposição de reservas. “A reposição de reservas é prioridade para cia. Apresentamos crescimento de produção com crescimento de reposição de reservas. E reiteramos a importância de explorar a margem equatorial e outras áreas exploratórias”, disse.
Sobre o refino, a presidente da Petrobras destacou os recordes de produção de diesel S10 e gasolina e o processamento no pré-sal. “Alcançamos 70% da carga processada de óleo do pré-sal, um óleo mais leve. Nossa principal produção era de um óleo mais pesado”, disse.
Ela também mencionou o início das operações da UPGM do Complexo Boaventura e de enxofre na Rnest. “Teremos mais diesel S10 para o mercado, que é o nosso produto de maior valor agregado”, disse a CEO.
“Estamos expandindo nossa frota com navios de classe handy e mais 8 navios gaseiros para cabotagem. O GLP é distribuído pela costa pelos navios gaseiros e o aumento da frota de navios visa atender essa expansão da produção e distribuição.”
Em relação à política de conteúdo local para a construção da frota própria, Magda disse que “é uma grande contribuição para o país”, devido ao incentivo à indústria nacional e à geração de empregos, ressaltando que o investimento será feito por meio de políticas públicas do governo federal. “O conteúdo local poderá chegar até 65% da nossa frota, financiado pelo governo federal via fundo da marinha mercante e pela política de depreciação acelerada. Poderemos gerar 40 mil postos de trabalho”, comentou a CEO.
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