São Paulo – Na reunião de janeiro, o Conselho do Banco Central Europeu (BCE) concluiu que, no curto prazo, a inflação geral deve flutuar em torno dos níveis atuais, com a expectativa de que a inflação ainda permaneça acima da meta estabelecida pelo BCE. Em sua ata publicada nesta quinta-feira, o banco central reforçou que o processo desinflacionário está em andamento, mas destacou que o cenário continua desafiador devido à incerteza persistente sobre a evolução dos preços de energia e alimentos.
O BCE manifestou confiança em uma convergência oportuna e sustentada da inflação, mas a cautela ainda é necessária devido aos riscos de uma possível aceleração dos preços. A combinação de incertezas globais, um mercado de trabalho robusto e os altos aumentos salariais negociados têm gerado riscos de pressão inflacionária adicional, especialmente no setor de serviços.
Além disso, o Conselho observou que as possíveis ações futuras do governo dos Estados Unidos podem afetar negativamente a economia global, criando incertezas adicionais. Contudo, os preços do petróleo e do gás, até o momento, não sugerem grandes mudanças nas projeções feitas pela equipe do BCE, o que foi considerado um fator estabilizador nas análises econômicas.
Em relação à política monetária, o BCE enfatizou que a taxa de facilidade de depósito, atualmente em 3,00%, deveria ser mantida no nível atual para não reduzir excessivamente a demanda. Apesar dos avanços no processo de desinflação, os riscos para as perspectivas de inflação foram descritos como duplos, com uma mudança no equilíbrio de riscos para cima desde dezembro, levando a uma avaliação mais cautelosa.
Embora ainda se projete uma desaceleração do crescimento dos salários e da inflação nos serviços, o BCE não descartou a possibilidade de uma inflação abaixo do esperado, e a perspectiva econômica nas projeções de dezembro foi considerada excessivamente otimista, com sinais de riscos de queda se materializando. No entanto, o banco central vê como plausível uma recuperação econômica impulsionada pelo consumo nos próximos trimestres.
A ata também apontou que a taxa neutra, isto é, aquela que não acelera nem desacelera a economia, provavelmente seria mais alta do que antes da pandemia, o que sugere que as taxas de juros podem estar se aproximando do território neutro. Isso implica que o BCE está se aproximando de um ponto onde a política monetária poderia não mais ser considerada restritiva, o que exigirá um equilíbrio delicado para garantir o controle da inflação sem prejudicar o crescimento econômico.
Foi amplamente enfatizado que manter uma abordagem dependente de dados, com total opcionalidade em cada reunião, era prudente e continuava a ser justificado. Nesse contexto, todos os membros do BCE optaram por um corte de 0,25 ponto percentual (pp) nas três principais taxas de juros. Por fim, o banco central reiterou que continua a adotar uma postura cautelosa, monitorando atentamente as incertezas globais e os desenvolvimentos econômicos, com a expectativa de que as condições econômicas sejam mais favoráveis nos próximos trimestres.
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