Bolsa interrompe sequência de queda e fecha em alta com ajuda de bancos e IPCA-15; dólar encerra a R$ 5,75

São Paulo -A Bolsa interrompeu dois pregões em baixa e encerrou em alta em um dia de respiro puxada pelo dado da prévia da inflação de fevereiro melhor que a expectativa do mercado, apesar de ainda alta, valorização das ações do setor financeiro e fechamento da curva de juros futuros, o que beneficiou as ações cíclicas. A Vale (VALE3), ação de maior peso no índice, caiu.

As questões fiscais e medidas do governo que podem mexer com a inflação ficam no radar do mercado.

A Azul (AZUL4) liderou os ganhos do Ibovespa em 8,46%, pelo segundo dia. Em seguida, Magazine Luiza (MGLU3) avançou 7,42%. As ações do Itaú (ITUB4) subiram 1,01%. Banco do Brasil (BBAS3) avançou 1,51%. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) registrou ganho de 0,84% e 1,20%.

O destaque de queda ficou para MRV (MRV3) com baixa de 4,67%. A Vale (VALE3) caiu 0,97%.

O principal índice da B3 avançou 0,46%, aos 125.979,50. pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril subiu 0,26%, aos 127.840 pontos. O volume financeiro foi de R$ 21,5 bilhões. Nos Estados Unidos, os índices fecharam mistos.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que apesar de as notícias macroeconômicas aqui e no exterior pesarem um pouco e trazerem volatilidade ao mercado, a Bolsa caminha para um fechamento positivo.

“Lá fora a questão das tarifas [imposição de tarifas à China e outros países por parte dos EUA], o que pode culminar no início de uma guerra comercial e isso impactaria o andamento das economias [globais]. Internamente, seguimos com os problemas fiscais, o governo tentando reaver sua imagem com ações populares, porém hoje o mercado deixou essas questões de lado e se recuperou. Saiu o IPCA-15 [de fevereiro], que apesar de alto, veio abaixo das expectativas, apesar de alto. E foi divulgada mais uma pesquisa de percepção do governo, que mostrou mais uma vez uma deterioração da imagem do governo”.

Quanto às ações, Moliterno disse que a Vale cai acompanhando a queda do minério de ferro. Em relação ao petróleo, a forte queda da commodity “acaba puxando as companhias para baixo como Petrobras (PN, -0,44%) e Brava (ON, -1,63%). Com os juros fechando um pouco, as empresas aéreas têm boa performance, principalmente a Azul, que também apresentou um resultado bom [do 4T24]”.

Para Gustavo Mendonça, especialista da Valor Investimentos, o IPCA-15 melhor que o previsto puxa o Ibovespa pra cima.

“Essa inflação de certa forma mais branda quanto à expectativa contribui para uma queda de juros futuros, o que beneficia empresas dos setores mais sensíveis como varejo e construção. Os grandes bancos também têm um bom desempenho. A gente espera o mercado mais atento em relação ao aumento das expectativas inflacionárias do boletim Focus, e aos possíveis impactos das medidas [do governo] de ampliação da isenção do imposto de renda, estímulo ao crédito consignado, que podem de certa forma influenciar as próximas decisões do Copom na política monetária”.

Gustavo Jesus, sócio da RGW Investimentos, disse que é um pouco de correção e o IPCA-15.

“Vejo [o pregão de] hoje como um dia de volatilidade normal. Como ontem caiu demais, está voltando um pouco. Hoje a notícia boa foi o IPCA-15, que veio abaixo das expectativas de mercado”.

Um analista de investimentos disse que “o IPCA-15, apesar de elevado, veio abaixo do esperado e trouxe um certo alívio pra bolsa. O peso dos bancos também ajuda o Ibovespa, mas Vale segura”.

Mais cedo foi divulgado o IPCA-15 de fevereiro, a prévia da inflação, que subiu 1,23% enquanto a projeção era de +1,36%, conforme o Termômetro do Safras. No acumulado em 12 meses, o índice subiu 4,96% e a expectativa era de +5,10%.

No mercado de câmbio, o dólar fechou em queda de 0,03%, cotado a R$ 5,7526. Na primeira parte da sessão, a moeda ainda refletia do presidente Lula, que ontem anunciou a ampliação do programa Pé de Meia. No período da tarde, porém, a divisa estadunidense perdeu força e encerrou quase no zero.

“Ontem, Lula realizou um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão para destacar os pagamentos referentes ao Pé de Meia, confirmar a ampliação da lista de medicamentos gratuitos oferecido pelo programa Farmácia Popular, e anunciar liberação do saque aniversário do FGTS para quem foi demitido. A medida deve injetar entre R$10-15 bilhões na economia. Segundo a Folha, Lula passará a fazer uma série de pronunciamentos curtos, a cada 15 dias, para dar visibilidade a ações do governo. Após o carnaval, o Governo deve destacar em suas falas a autorização do saque do FGTS e o consignado para trabalhadores do setor privado”, contextualiza a Ajax Asset.

Segundo o CEO da Gravus Capital, Ricardo Trevisan Gallo, “a queda na popularidade do governo tem levado investidores a antecipar possíveis aumentos nos gastos públicos especialmente em benefícios sociais o que pode comprometer ainda mais o compromisso fiscal do país. Essa incerteza interna faz com que o real perca atratividade, impulsionando a fuga para ativos considerados mais seguros, como a moeda norte-americana”.

De acordo com sócio da Top Gain Leonardo Santana, o movimento de hoje ainda vai na esteira falas de Lula, que está preocupado com a quedada sua popularidade.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. O driver do dia foi o IPCA-15 de fevereiro, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início da sessão.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,600% de 14,650% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,490%, de 14,580%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,365%, de 14,440%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,420% de 14,470% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com os investidores avaliando preocupações sobre o crescimento econômico e o comércio global.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento

Dow Jones: +0,37%, 43.621,16 pontos
Nasdaq 100: -1,35%, 19.026,4 pontos
S&P 500: -0,46%, 5.955,25 pontos

Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News

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