Foi protocolado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) o pedido de registro de Indicação Geográfica (IG) de Procedência (IP) para o tradicional ‘Pão no Bafo de Palmeira’, município localizado na região dos Campos Gerais, Paraná.
O alimento é considerado histórico e faz parte da cultura da cidade paranaense. A receita foi introduzida na região em 1878 por imigrantes russo-alemães que se instalaram em Quero-Quero, Colônia Papagaios Novos, Santa Quitéria, Lago e Pugas.
Desde então, faz parte do dia a dia das famílias palmeirenses. A gastronomia de Palmeira se destaca por preservar sabores autênticos, e o Pão no Bafo, feito com carne suína, repolho e pães pequenos cozidos a vapor, é um exemplo perfeito dessa tradição.
Em 2015, já havia sido reconhecido como Patrimônio Imaterial de Palmeira, mas agora, com o pedido de IG, o ‘Pão no Bafo de Palmeira’ pode alcançar um novo patamar de visibilidade e valorização.
A conquista do selo é vista como uma oportunidade de fortalecer a economia local, promover o turismo e proteger a receita genuína contra adaptações que possam descaracterizar a sua autenticidade.
A presidente da Associação dos Produtores de Pão no Bafo de Palmeira (APAFO), Rosane Radecki, destaca que o processo de solicitação da IG contou com apoio da Prefeitura, empresários e outras entidades locais.
“Queremos despertar o interesse dos demais restaurantes da cidade com relação á importância da IG. O prato deverá seguir o Caderno Técnico de Especificações para que não seja descaracterizada a forma de ser feito, que inclui carne de porco, repolho, couve, com o pão cozido a vapor, e a forma de apresentá-lo ao cliente”, explica Radecki.
O pedido de IG para o Pão no Bafo é o resultado de uma ação coletiva entre várias organizações, incluindo o Sebrae/PR, a Prefeitura de Palmeira, o Conselho Municipal de Turismo (Comtur) e empresários locais.
A consultora do Sebrae/PR, Nádia Joboji, comenta que a parceria foi essencial para organizar e viabilizar o pedido de registro, que visa beneficiar o desenvolvimento da cidade.
“Todos se organizaram coletivamente para que o Pão no Bafo de Palmeira possa obter o reconhecimento de IG. Será uma conquista visando o desenvolvimento territorial, com mais turistas visitando a cidade e valorizando a gastronomia, a história e a cultura de Palmeira. Além disso, essa ferramenta ajuda a proteger o produto e o serviço dessa especialidade”, comenta.”, explica Joboji.
A valorização de produtos locais por meio de Indicações Geográficas tem sido uma estratégia crescente no Paraná, que conta com 16 registros em diferentes áreas, desde alimentos típicos até bebidas e produtos artesanais.
A IG é uma ferramenta importante para a preservação do patrimônio cultural e para impulsionar a economia regional, garantindo que produtos com características únicas sejam reconhecidos e respeitados.
A moradora de Palmeira, Rosemari Schweigert Schuebel, compartilha sua história pessoal com o Pão no Bafo, ressaltando que a receita passou de geração em geração em sua família.
Sua mãe aprendeu o prato com a sogra, que era casada com um russo, e agora Rosemari também prepara o prato para a sua família e, recentemente, começou a vender nas feiras locais. Para ela, o registro de IG é uma maneira de garantir que a tradição seja preservada.
“É muito importante que o prato tenha esse reconhecimento. Ele faz parte da nossa história e da nossa identidade. O selo vai ajudar a manter essa tradição viva e a garantir que a receita continue sendo transmitida para as próximas gerações”, afirma Schuebel.
O Pão no Bafo de Palmeira é mais do que uma simples iguaria. Ele representa a união de diferentes culturas e é um exemplo claro de como a gastronomia pode ser um vetor de preservação cultural e desenvolvimento econômico.
Com a possível conquista da Indicação Geográfica, o prato pode alcançar novos horizontes, atraindo mais turistas e garantindo que a história e a receita continuem a ser celebradas por muitas gerações.
O Estado é segundo do Brasil em número de Indicações Geográficas. Fica atrás somente de Minas Gerais, que tem 20, e é seguido pelo Rio Grande do Sul, com 13 registros..
Esse movimento tem um impacto positivo não apenas na proteção do patrimônio cultural, mas também na economia local, ao atrair turistas e consumidores que buscam produtos com identidade e autenticidade.
Com o pedido de IG do Pão no Bafo, Palmeira se junta a um seleto grupo de municípios que têm a chance de proteger e valorizar sua história gastronômica.
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