São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em queda. A semana será marcada pela Super Quarta, com o Comitê Geral do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e Comitê de Política Monetária (Copom) decidindo os juros nos Estados Unidos e no Brasil. A expectativa é que o Fed mantenha os juros na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, e que o Copom eleve, pela segunda vez consecutiva, a Selic em 1 ponto percentual, elevando os juros para 13,25%.
A postura mais moderada sobre tarifas comerciais adotada pelo presidente americano Donald Trump nas suas primeiras falas após a posse, em 20 de janeiro, foi suficiente para manter o mercado financeiro relativamente calmo. Na ultima sexta-feira (24), o dólar comercial caiu 0,12%, cotado a R$ 5,9175. Na semana passada, a moeda estrangeira desvalorizou 2,42%. Bolsa e juros, no balanço, registraram quase estabilidade.
Lucas Brigato, sócio da Ethimos Investimentos, disse que a queda da moeda estrangeira “ainda reflete o tom mais ameno do presidente dos Estados Unidos com relação à China. A tendência é que a cada dia a gente uma surpresa com a entrada do Trump na Casa Branca. Nas próximas semanas, podemos ver certa volatilidade em cima de suas declarações. A divisa ainda tem margem para cair mais, com possibilidade de chegar na casa dos R$ 5,80, R$ 5,75 porque quando o dólar tentou romper os R$ 6, bateu duas vezes os R$ 5,70”, explicou Brigato.
O “Trump light” parece bem diferente daquele do primeiro mandato. Ao menos até o momento e em relação ao comércio exterior. O presidente americano citou aumentos de 25% nas tarifas para México e Canadá, ameaçou os países do BRICS, a União Europeia e indicou uma tarifa de 10% para a China. Mas nesse ponto se destaca alguma sinalização em negociar com o país chinês, postura bem diferente daquela que deflagrou uma guerra comercial com a China no seu mandato anterior.
Ainda nos EUA, os investidores ficam de olho nos números de novos pedidos de seguro-desemprego, na primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre e de todo o ano de 2024, e no índice de preço de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), de dezembro. Em novembro, o PCE registrou alta de 0,1%, abaixo do índice de outubro, que avançou 0,2%. Na base anual, o PCE subiu 2,4%, acelerando em relação a outubro, quando havia avançado 2,3%. Já o núcleo do PCE (que exclui preços mais voláteis, como alimentos e energia), subiu 0,1% em outubro. O indicador caiu ante outubro. Na base anual, o núcleo ficou em 2,8%, no mesmo patamar do mês anterior.
No Brasil, diante do cenário apresentado desde o encontro anterior, a primeira reunião sob o comando de Gabriel Galípolo não deverá ter surpresas. Como anunciado em dezembro, a Selic deve ter aumento de 1 ponto percentual para 13,25% ao ano. O IPCA-15 de janeiro teve alta de 0,11%. No acumulado em 12 meses até janeiro, teve alta de 4,50%, contra 4,71% em dezembro. O resultado qualitativo, no entanto, mostra um quadro preocupante, com serviços mais pressionados que o previsto.
Para o Bradesco, a expectativa é que o repasse da depreciação cambial e a atividade aquecida mantenham a inflação elevada no primeiro trimestre, com o arrefecimento esperado a partir da segunda metade do ano conforme a economia desacelera. O banco ressaltou ainda que o recuou no IPCA-15 de janeiro é explicado por um fator de energia elétrica que não se repetirá nos meses à frente. “A forte queda de preços de energia elétrica (15,46%), devido ao impacto do bônus de Itaipu, teve impacto de -0,62 ponto percentual no índice cheio”, detalhou o Bradesco.
Na manhã de hoje foi divulgado o boletim Focus com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central do Brasil. Para o IPCA, a previsão para 2025 avançou de 5,08% para 5,20%. Para 2026, as instituições financeiras elevaram de 4,10% para 4,22% a previsão para a inflação medida pelo IPCA. A meta para a inflação no período é de 3%.
Sobre a taxa Selic, a previsão para 2025 segue 15%. Para 2026, a expectativa para a Selic passou de 12,25% para 12,50%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a previsão passou de 2,04% para 2,06% em 2025. A projeção para 2026 diminuiu de 1,77% para 1,72%. Sobre o dólar, as cotações para 2025 e 2026 segue em R$ 6, assim como para 2026. A Pesquisa Focus manteve a previsão de déficit primário em 2025 em 0,60% do Produto Interno Bruto (PIB).
Na China, saíram os números do PMI (Purchasing Managers Index, ou índice de gerentes de compras) do setor de serviços em janeiro, que caiu para 50,2 pontos. Em dezembro, o índice havia registrado 52,2 pontos. Já o PMI do setor industrial em janeiro recuou para 49,1 pontos. Indices abaixo de 50 indicam retração na produção, e se eles ficarem acima deste valor, mostra que a economia está em expansão.
No setor corporativo, a Petrobras informou que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) proferiu, nesta quinta-feira (23/1), decisão que determina a unificação dos campos de Berbigão e Sururu, localizados na concessão BM-S-11A, no pré-sal da Bacia de Santos, operado pela Petrobras com 42,5% de participação. A decisão resulta no reporte da produção dos campos de Berbigão e Sururu em um único campo, majorando a alíquota aplicada no correspondente recolhimento de Participação Especial referente ao campo unificado, de forma retroativa à data de início da produção.
A Ativa Investimentos entende como neutro para Vale o movimento de início de revisão de sua subsidiária Vale Base Metals visando explorar e avaliar uma série de alternativas, incluindo a potencial venda, de seus ativos de mineração e exploração em Thompson, na província canadense de Manitoba. A revisão de Thompson faz parte de um processo de otimização da base de ativos da Vale Base Metals, visando garantir a competitividade de seu portfólio de níquel integrado, e sua conclusão é esperada no segundo semestre de 2025.
A diretora de Exploração & Produção da Petrobras, Sylvia dos Santos, disse que a empresa deve ter a licença de exploração do Foz do Amazonas até o final do primeiro trimestre deste ano (1T25), devido a obtenção de todas as condicionantes para exploração na área. Segundo a Ativa Investimentos, as atividades na Margem Equatorial diminuiriam proporcionalmente a dependência atual que a Petrobras tem dos ativos de pré-sal e trariam ainda mais robustez para a remuneração dos seus acionistas.
A carga de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) deve subir 4,3% em janeiro, totalizando 83.077 megawatts (MW) médios, na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Programa Mensal de Operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), relativo à semana operativa de 25 a 31 de janeiro.
O Santander afirmou que o setor de telecomunicações como uma boa opção defensiva para navegar no cenário macro atual, e prevê que, mesmo em um cenário mais estressado, o rendimento de FCF e o rendimento de dividendos para Telefônica Brasil (dona da Vivo) e TIM provavelmente permanecerão robustos. “A Vivo continua sendo nossa principal escolha na região, pois vemos a empresa com poder de precificação superior em relação aos concorrentes e esperamos que a empresa continue superando seus pares em 2025 do ponto de vista de crescimento de receita, ebitda e FCF. Apesar disso, acreditamos que as preocupações recentes com a TIM, à luz da inflação mais alta, também parecem exageradas”, comentam os analistas, em relatório.
O post RADAR DO DIA: Fed e Copom definem juros; PCE nos EUA; economia chinesa apareceu primeiro em Agência CMA.