São Paulo, 4 de dezembro de 2024 – A S&P Global Ratings publicou o artigo “América Latina: Panorama dos bancos por país”, que apresenta suas expectativas para os setores bancários de seis países da América Latina para 2025. Em relação ao Brasil, a agência de classificação de risco destaca que as taxas de juros mais altas por um período prolongado provavelmente pressionarão os tomadores de empréstimos no Brasil, potencialmente enfraquecendo a qualidade dos ativos. A S&P espera que isso aumente a carga da dívida de tomadores pessoas físicas e corporativos, que enfrentarão custos de financiamento mais altos por mais tempo. No entanto, a lucratividade dos bancos permanecerá sólida.
“Esperamos que o crescimento do PIB real modere em 2025 devido à ausência de estímulo fiscal, que sustentou o consumo durante 2024. O desempenho operacional provavelmente permanecerá sólido graças à boa cobertura de provisão dos bancos, à diversificação de negócios e às altas margens”, comenta a agência, em análise assinada por Cynthia Cohen Freue.
Entre os principais fatores de crédito, a análise prevê que os empréstimos problemáticos enfraqueçam no restante de 2024 devido às taxas de juros persistentemente altas e em 2025 devido à economia mais fraca. “Acreditamos que os bancos priorizarão empréstimos com garantia, como financiamento de veículos, empréstimos consignados e financiamentos imobiliários, em detrimento de cartões de crédito e empréstimos pessoais”, detalha.
Com isso, a lucratividade permanecerá sólida em comparação com os pares internacionais, graças às altas margens dos bancos. A agência observa que a os bancos tem se beneficiado da diversificação, inclusive por meio de seguros e gestão de ativos e devem manter a lucratividade resiliente mesmo com aumento de provisões, como tem ocorrido neste ano, pressionando o desempenho operacional neste ano e no próximo.
Para 2025, a S&P projeta que um marco político inadequado e uma implementação ineficiente podem limitar a atividade econômica e as decisões de investimento, prejudicando ainda mais a qualidade dos ativos dos bancos e o crescimento dos empréstimos. “A sinalização ineficaz de políticas também pode afetar os fluxos de investimento estrangeiro direto e, como resultado, enfraquecer a forte posição externa líquida do Brasil.”
A análise também pontua que, a partir de janeiro de 2025, as instituições financeiras no Brasil serão obrigadas a implementar diversas mudanças regulatórias. Dentre elas, está a adoção de uma nova metodologia de provisão para perdas com empréstimos, um cálculo revisado para risco operacional na adequação de capital regulatório e novas regras de contabilidade tributária visando reduzir créditos tributários. “Acreditamos que as mudanças ajudarão os bancos a alinhar seus relatórios aos padrões internacionais, apesar dos novos requisitos complexos que enfrentarão para cumprir as diretrizes.”
Em relação à América Latina em geral, o S&P avalia que os indicadores de qualidade de ativos dos bancos permanecerão pressionados devido às taxas de juros persistentemente elevadas e às fracas condições econômicas, embora parcialmente mitigadas por estratégias de crescimento conservadoras. “Em 2025, esperamos uma lenta recuperação do crescimento do crédito, que permanecerá mais fraco do que nos últimos anos. Esperamos que os bancos continuem adotando práticas conservadoras de originação, dado o ritmo lento de estabilização da qualidade dos ativos”, opinou a agência.
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