Bolsa fecha em alta puxada pelo avanço do PIB no terceiro trimestre; dólar cai

São Paulo, 3 de dezembro de 2024 – A Bolsa fechou em alta com o alívio do dado do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2024, que veio acima das expectativas do mercado. Apesar da economia aquecida, o sentimento do aumento do risco fiscal ainda assombra o mercado, que pode ser visto na abertura da curva de juros.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 0,9% no terceiro trimestre ante projeção de +0,70%, de acordo com o Termômetro Safras. Em relação a igual período do ano passado, o PIB avançou 4,0% e a estimativa era +0,70%.

O destaque de alta fica para a Brava Energia (BRAV3), que subiu 9,05%. As ações da BB Seguridade (BBSE3) avançaram 4,19%, após o Citi elevar a recomendação da empresa de neutra para compra. Outro destaque positivo ficou para as ações das empresas de proteína animal: BRF (BRFS3) subiu 4,48%, JBS (JBSS3) avançou 2,09%, Marfrig (MRFG3), 1,53% e Minerva (BEEF3), 0,83%.

Já a Vale (VALE3), que têm o maior peso no índice entre as ações, perdeu 0,76% após a reunião anual com os investidores e analistas realizada nesta terça-feira.

As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) tiveram altas de 0,11% e 0,89%.

O principal índice da B3 subiu 0,72%, aos 126.139,20 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro registrou ganho de 0,62%, aos 126.385 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, disse que o resultado do PIB ajudou a Bolsa a subir na sessão de hoje. O Ibovespa em alta após divulgação de dados do PIB e dados do superávit primário de R$ 40,8 bilhões em outubro. Os excessivos gastos do governo têm contribuído para essa economia aquecida, que passa por dificuldades para contenção de preços, e isso reforça a necessidade de mais altas de juros por aqui. O Banco Central não deve mudar, tão cedo, o ciclo de alta de juros, e os dados do PIB devem ser um ponto de atenção para próximas decisões. Na reunião da semana que vem, 10 e 11, o Copom deve subir a Selic em 0,75pp.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que embora o PIB tenha vindo bem, o fiscal tira o sossego do mercado. A dinâmica fiscal ainda pressiona muito os juros, é uma elevação em nível. De um lado tem a dinâmica de atividade, que é bom para as ações, principalmente depois de uma Black Friday forte no Brasil. É bom para resultado corporativo como vimos a boa temporada do terceiro trimestre. Mas para a curva de juros não é tão bom porque mais atividade, consequentemente, mais inflação, maior necessidade de juros. A bolsa poderia subir mais hoje diante de um cenário melhor lá fora-um bom dia na Ásia e na Europa, com perspectiva de mais estímulos na China;nos EUA nem tanto, mas [o país] vem de muitas altas consecutivas. O Brasil não consegue deslanchar por conta dessa falta de credibilidade que o governo acabou passando no fiscal, o calcanhar de Aquiles do Brasil, e não dá confiança para o investidor marginal comprar.

Spiess comenta que o sentimento é diferenciado nos ativos de risco. A gente não consegue encontrar o mesmo sentimento em todos os ativos de risco, vimos ontem e hoje. A gente volta a ter impacto relevante de exportadoras, proteína animal subindo bem como BRF; CSN e Gerdau também avançam e Vale cai menos que o resto. O petróleo ajuda um pouco o sentimento para países exportadores com a reunião da Opep sendo postergada para essa quinta (5).

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o dado foi bom e o mercado dever fazer uma revisão do PIB para cima. São dados para se comemorar, impactos positivos em termos de projeções para frente, teve revisão de 2023 de 2,9% pra 3,2%. O Brasil está em uma onda crescente, acima do seu crescimento médio estrutural, o que pressiona o Banco Central a apertar as condições monetárias em patamares um pouco maiores. Serviços foi a grande surpresa e a queda de agro era esperada. Em 2025, agro deve retomar e construção desacelerar.

Fabrício Norbim, especialista da Valor Investimentos, comenta que no final da tarde os juros subiram com bastante força após resultado do PIB levemente acima do esperado. “Isso reforça a avaliação de mercado de que o Copom provavelmente terá que ser mais duro para conter essa pressão inflacionária diante de uma economia que ainda está bastante aquecida, dado o que foi demonstrado com esse resultado.”

Para o especialista, o resultado não melhora a percepção em relação ao cenário fiscal brasileiro, mas o desempenho do Ibovespa reflete uma busca por “fôlego” após perdas recentes. Na semana passada, o Ibovespa caiu 2,67%, e em novembro, perdeu 3,33%. As companhias exportadoras se beneficiam desse cenário de juros e dólar para cima, na sua avaliação.

O dólar comercial fechou em queda de 0,09%, cotado a R$ 6,0608. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a falta de um driver específico e os constantes ruídos fiscais domésticos.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) do 3º trimestre avançou 0,9%, acima das projeções do mercado (+0,7%).

A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, diz que existe “ceticismo do mercado sobre o pacote de ajustes fiscais, e que existe certa cautela com o cenário global.

O economista e professor da Faculdade do Comércio, Denis Medina, entende que o fiscal doméstico denota à economia brasileira uma visão pessimista – mesmo com o crescimento robusto do país.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) seguiram operando em alta, puxadas pelo Produto Interno Bruto (PIB) do trimestre que cresceu acima das expectativas do mercado, além da tensão política no Congresso para aprovação do pacote fiscal proposto pelo Executivo.

Por volta das 15h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,690% de 11,658% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 14,010%, de 13,880%, o DI para janeiro de 2027 ia a 14,275%, de 14,085%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 14,220% de 14,000% na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 6,0604 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta terça-feira em campo misto, enquanto investidores avaliavam os dados do relatório de emprego e vagas (Jolts) de outubro, que superaram levemente as expectativas.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,17%, 44.705,53 pontos
Nasdaq 100: +0,40%, 19.480,9 pontos
S&P 500: +0,04%, 6.049,88 pontos

Soraia Budaibes, Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes / Safras News

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